"Raiam na minha atenção vagos ruídos, nítidos e dispersos, que enchem de ser já dia a minha consciência do nosso quarto.
Nosso quarto? Nosso de que dois, se eu estou sozinho?
Não sei.
Tudo se funde e só fica, fingindo, uma realidade-bruma em que a minha incerteza soçobra e o meu compreender-me, embalado de ópios, adormece.
A manhã rompeu, como uma queda, do cimo pálido da Hora.
Acabaram de arder, meu amor, na lareira da nossa vida, as achas dos nossos sonhos."
[Fernando Pessoa - o eu profundo e outros eus]
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
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