sexta-feira, 30 de março de 2012

quinta-feira, 29 de março de 2012

Do querer e não ter

"Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais. Mais paz. Mais saúde. Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. Mais eu. Mais você. Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca. Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais."

[Caio Fernando Abreu]

quarta-feira, 28 de março de 2012

Do agora de hoje



"Eu procurava o amor em jardins de cactus. Vinha buscando o fruto em árvores erradas, e nas mordidas sentia o gosto azedo, que amarga no fim da boca. Colhi amores podres, comidos pelo tempo e dor.
Foi preciso paciência – e um outro tempo – amadurecendo um fruto para colhê-lo doce, suave, terno e delicado. Simples como naturalmente é.
Eu imaginava haver segredos por trás dos espinhos. Mas é puro acaso que amores e espinhos se encontrem em botões abertos ou fechados. A rima entre amor e dor é armadilha.

O verdadeiro fruto está ao alcance das mãos – mas é tão rasteiro, que quase não se vê. É preciso passear sem fome para enxergá-lo redondo, vermelho. Para então mordê-lo distraído como numa tarde de chuva".

[cris guerra]

segunda-feira, 26 de março de 2012

Do sonho

Eu tive um sonho, vou te contar... Eu me atirava do oitavo andar.

domingo, 25 de março de 2012

Do pássaro

"Aquilo que ontem cantava
já não canta.
Morreu de uma flor na boca: 
não do espinho na garganta.

Ele amava a água sem sede,e, 

em verdade,tendo asas, fitava o tempo,
livre de necessidade.

Não foi desejo ou imprudência:
não foi nada.
E o dia toca em silêncio
a desventura causada.

Se acaso isso é desventura:

ir-se a vida sobre uma rosa tão bela,
por uma tênue ferida."

Cecíia Meireles em Retrato Natural (1949) 

Post de 25/03/12

Do amarelo

"Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que estereliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas."

[Carlos Drummond de Andrade - Sentimento do Mundo]

Ai ai...

quinta-feira, 22 de março de 2012

Das memórias

"Eu me pergunto se a memória é verdadeira e sei que não pode ser, mas a pessoa vive mesmo assim pela memória e não pela verdade."

[Stravinsky]

Da volatilidade

VOLÁTIL
adj. Que tem a faculdade de voar; voador.
fig. Mudável, volúvel, inconstante.
química Que se pode reduzir a gás ou a vapor.
s.m. Animal que voa ou pode voar.

quarta-feira, 21 de março de 2012

terça-feira, 20 de março de 2012

Do hoje...

Conselhos de amor, cansei de escutar
Quem não se apaixonou,
Não pode me julgar
Dizer que eu estou errada
Deixa eu errar
Quem sabe o meu dia vai chegar
Deixa eu tentar
É perigoso mas vou arriscar

The game is not over

domingo, 18 de março de 2012

Do nada

"Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo
Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar"
[Lulu Santos]

quinta-feira, 15 de março de 2012



'"Quem sou eu para falar de amor
Se de tanto me entregar nunca fui minha
O amor jamais foi meu
O amor me conheceu
Se esfregou na minha vida
E me deixou assim"

[Chico Buarque, in Tango de Nancy]

quarta-feira, 14 de março de 2012

Ao dia da poesia

"Quando olho para mim não me percebo
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo

O ar que respiro, este licor que bebo
Pertencem ao meu modo de existir
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo

Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
serei tal quel pareço em mim? Serei
tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu.
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente."

[Álvaro de Campos]

Dos limites

"Não ela não era tola. Mas como quem não desiste de anjos, fadas, cegonhas com bebês, ilhas gregas e happy-end’s cinderelescos, ela queria acreditar. Até a noite súbita em que não conseguiu mais..."

[caio fernando abreu]

domingo, 11 de março de 2012

60 dias.

Um marco que quase passou despercebido.

E a vida continua...

sábado, 10 de março de 2012


"Que meus olhos saibam continuar se alargando sempre..."

[Caio Fernando Abreu]

terça-feira, 6 de março de 2012

Da vida como ela é

Acabo de ser liberada por hj pela minha preceptora pra vir pra casa dormir... Eu não nasci pra dar plantão noturno. Especialmente quando estão na minha mão os 70 meninos mais graves de Minas Gerais, que eu não estou acompanhando, já que estou em outro estágio. O que não me permite dormir nem uma hora inteira por noite. E consequentemente eu não dou conta de ficar minimamente bem no outro dia. Eu fico uma idiota de lerda. Erro todos os caminhos mais simples pra se chegar em algum lugar, qualquer que seja. Faço tudo errado de verdade e pra completar fico ainda mais sensível, o que me leva a chorar convulsivamente por cerca de uma hora. Então existe a possibilidade real de eu me acabar aos prantos após cada 36hs dessas de plantão. Como eu tenho pelo menos 2 plantões por semana, acho que isso praticamente me configura como uma depressiva, já que então eu devo chorar desesperadamente uma média de 2 vezes por semana...

Dureza...




Da simplicidade

" Se o homem realmente gosta, ele vai até o inferno por você. Ele vai sim, e ainda abraça o capeta se for preciso. Sabe por quê? Porque homens são previsíveis, se eles querem eles querem, se não querem, não querem. A raça dos homens não é complexa igual a nós mulheres, que sempre temos dúvidas, que sempre analisamos, pensamos, colocamos mil problemas e tal. Homem é tudo igual. Eu sei é clichê, mas é a mais pura verdade. Quando o cara quer, não tem distância, problemas, família, trabalho, tempo, futebol, estudo, mãe, unha encravada, barba por fazer, celular sem bateria, chuva, temporal, falta de dinheiro que o impeça de estar com você. É simples. É a realidade."


[Tati Bernardes]

Da pediatria

"Mas se me viesse de noite uma mulher. Se ela segurasse no colo o filho. E dissesse: cure meu filho. Eu diria: como é que se faz? Ela responderia: cure meu filho. Eu diria: também não sei. Ela responderia: cure meu filho. Então - então porque não sei fazer nada e porque não me lembro de nada e porque é de noite - então extendo a mão e salvo uma criança. Porque é de noite, porque estou sozinha na noite de outra pessoa, porque este silêncio é muito grande pra mim, porque tenho duas mãos pra sacrificar a melhor delas e porque não tenho escolha."

LISPECTOR, Clarice. A legião estrangeira.

sábado, 3 de março de 2012

Dos momentos

"Porque a vida segue. Mas o que foi bonito fica com toda a força. Mesmo que a gente tente apagar com outras coisas bonitas ou leves, certos momentos nem o tempo apaga. E a gente lembra. E dá saudade. Uma saudade que faz os olhos brilharem por alguns segundos e um sorriso escapar volta e meia, quando a cabeça insiste em trazer a tona, o que o coração vive tentando deixar pra trás."

[Caio Fernando Abreu]