segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Do mergulho

"Tudo o que aconteceu na minha vida me fez ser quem eu sou e eu não trocaria todo o sofrimento que eu tive por não sentir minhas pernas bambearem a primeira vez que eu olhei para ele e no mergulho que eu dei nessa viagem. 
Sim, toda paixão é uma viagem para um lugar único. 
Hoje eu não sofro mais por isso, apenas me emociono por ter tido a oportunidade de viver um sentimento tão bonito.

Tenho quase 40 anos e sei o quanto é difícil alguém despertar esse sentimento genuíno e que nos tira de nós mesmos. 
Então uma paixão vale sempre a pena, mesmo quando parece não valer. 
E se ela puder virar amor, melhor ainda. 
É como diz o Domingos Oliveira; “a paixão é o Himalaia de Deus”. 
E como podemos abrir mão de subir ao topo do mundo? 
Quando subimos, uma hora teremos que descer. 
Ficar lá em cima, às vezes, é impossível. 
Mas, depois de um tempo, entendemos que o importante mesmo é o trajeto."

[Juliana Araripe]

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Happy Valentines day

"Aquele lugar, o ar. 
Primeiro, fiquei sabendo que gostava de Diadorim – de amor mesmo 
amor, mal encoberto em amizade.Me a mim, foi de repente, que aquilo se esclareceu: falei comigo.Não tive assombro, não achei ruim, não me reprovei – na hora.Melhor alembro.
O nome de Diadorim, que eu tinha falado, permaneceu emmim. Me abracei com ele. 

Mel se sente é todo lambente –“Diadorim, meu amor...” Como era que eu podia dizer aquilo?
E como é que o amor desponta.
Coração cresce de todo lado. 

Coração vige feito riacho colominhando por entre serras e varjas, matas e campinas.Coração mistura amores. 
Tudo cabe.
E eu – como é que posso explicar ao senhor o poder de amor que eu criei? 

Minha vida o diga. 
Se amor ?Diadorim tomou conta de mim.

E de repente eu estava gostando dele, num descomum, gostando ainda mais do que antes, com meu coração nos pés, por pisável; e dele o tempo todo eu tinha gostado. 

Amor que amei – daí então acreditei.

Um Diadorim só para mim. 

Tudo tem seus mistérios. 
Eu não sabia. 
Mas, com minha mente, eu abraçava com meu corpo aquele Diadorim-que não era de verdade. 
Não era?

Diadorim deixou de ser nome, virou sentimento meu.
Aquilo me transformava, me fazia crescer dum modo, que doía e prazia. 

Aquela hora, se eu pudesse morrer, não me importava.
Diz-que-direi ao senhor o que nem tanto é sabido: sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando; mas, quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. 

Amor desse, cresce primeiro; brota é depois.

Tudo turbulindo. 

Esperei o que vinha dele. 
De um aceso, de mim eu sabia: o que compunha minha opinião era que eu, às loucas, gostasse de Diadorim.
No fim de tanta exaltação, meu amor inchou, de empapar todas as folhagens, e eu ambicionando de pegar em Diadorim, carregar Diadorim nos meus braços, beijar, as muitas demais vezes, sempre.
Abracei Diadorim, como as asas de todos os pássaros
Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se agente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, umdescanso na loucura.
Amor é a gente querendo achar o que é da gente. "


[João Guimarães Rosa - Grande Sertão Veredas - trechos]

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Da verdade


De novo você sumiu e deixou a minha saudade sem notícias. 

Dessa vez eu cheguei a me pegar pensando que talvez pela primeira vez eu quisesse de fato te esquecer. Pensei que ia ser doído, mas melhor do que continuar a viver aqui, nesse meio do caminho.


Aí a noite cai e as coisas a noite sempre parecem muito piores. Que se foda o que é melhor ou não, só queria te encontrar ou ter notícias tuas de surpresa numa manhã qualquer.


Você roubou tanta coisa. 

Tantas músicas, tantos lugares. 
Roubou minha memória pra ocupar com lembranças só tuas, e olha que não são muitas. Mas eu fico aqui vivendo em um eterno looping do passado.

Você roubou meu presente. Porque várias vezes é simplesmente impossível estar aqui. Eu to sempre lá. 

Imaginando todo o cenário a minha volta modificado caso houvesse sua presença. Até alguém aparecer e me fazer engolir esse outro mundo que não existe.

Eu sei que se algum dia eu saísse na rua e encontrasse alguém que me olhasse do jeito como você me olhou naquele dia então tudo estaria certo de novo. Mas isso nunca mais aconteceu e só o que faço é provar pra mim mesma que ninguém é suficiente. E sei que essa situação também não é.


Não sei como vai ser. 

Não sei como eu vou resolver. 
Já tentei te escrever, já cruzei um oceano atrás de você, e sempre levando um não. Sempre em vão. 
Mas o que me faz voltar pra o momento em que o eu e você se tornou nós sempre é a sensação. 
Eu não me lembro de ter me sentido tão bem, tão feliz e principalmente tão confortável com mais ninguém em muito tempo. 

A gente só ficava lá, junto, conversando sobre as coisas do mundo, como a gente sempre costumava conversar. Mas tudo o que tava ali era tão suficiente que eu apenas queria que durasse pra sempre. 

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Dei sogni 3


"La storia è un pentolone pieno di progetti realizzati da uomini divenuti grandi per avere avuto il coraggio di trasformare i loro sogni in realtà, e la filosofia è il silenzio nel quale questi sogni nascono. Anche se a volte, purtroppo, i sogni di questi uomini erano incubi, soprattutto per chi ne ha fatto le spese. Quando non nascono dal silenzio, i sogni diventano incubi. La storia, insieme alla filosofia, all'arte, alla musica, alla letteratura, è il miglior modo per scoprire chi è l'uomo. Alessandro Magno, Augusto, Dante, Michelangelo... tutti uomini che hanno messo in gioco la loro libertà al meglio e, cambiando se stessi, hanno cambiato la storia. In questa classe magari ci sono il prossimo Dante o Michelangelo... Magari potresti essere tu! 


Solo quando l'uomo ha fede in ciò che è al di sopra della sua portata - questo è un sogno - l'umanità fa quei passi in avanti che l'aiutano a credere in se stessa."

[Alessandro D'avenia]