segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Das memórias

"Desconfio do modo como colorimos as memórias. Cada um de nós tem sua própria caixa barata de tintas e seus tons favoritos."

[Julian Barnes]

domingo, 30 de janeiro de 2011

Do fogo

Na composição da estrutura humana há uma grande dose de material inflamável, embora possa ficar dormente por algum tempo, e quando o archote é colocado nele, o que estiver dentro de você explode em fogo.

[George Washington, 1795]
Ele insistia. Era teimoso, não se contentava com o eu-te-amo. Insistia, insistia.

— Diga que é para sempre.

Ela, querendo ser totalmente sincera, respondia:

— Para sempre… não, não posso dizer.

Engraçado que, lá no fundo, sabia que era para sempre, mas desconfiava de promessas que não pudessem ser cumpridas por culpa da vida. Era como prometer que não se iria morrer.

— Por que você não diz, hem Maria? Você não me ama de verdade?

— E como, João! Amo a você até mais do que a mim mesma, mas a vida…

— Pois eu digo sem medo: amo você para sempre, sempre, sempre…

Maria ria entre feliz e sem graça. E entregava-se a esse amor que fazia cada minuto parecer o sempre.

Um dia João chega muito solene e pede-lhe:

— Maria, mesmo que não seja, diga pra mim que é pra sempre, tá? Quero ouvir “para sempre”.

E Maria passou a dizer o advérbio. A princípio tímida; depois categoricamente.

— Eu te amo, João.

— Muito?

— Muito — respondia ela.

— Para sempre?

— Para sempre — confirmava.

O tempo passava. O amor de Maria por João aumentava. Agora o sempre era uma certeza e a vida só delícias, para todo o sempre.

— Pra sempre te amarei, João.

— Sei disso, Maria. Nós dois somos para sempre.

— É, João, pra sempre.

Maria não tinha dúvidas quanto a João. E muito menos quanto a si mesma.

Eternamente para sempre… para sempre eternamente.

E a felicidade vivia com ela e tão plena estava que nem percebia João fazer-se um talvez. Esquivo hoje, amanhã — e ela não via ou não queria ver. Até que…

— Maria, vou-me embora.

— Por que, uai!

— Não te amo mais, Maria.

— Não?!

— Não.

— Assim, João?

— É.

— Mas não podemos… não posso fazer alguma coisa? Me dá um tempo, João.

— Não, não posso.

— Mas, João!

— Não volto mais, Maria. E é para sempre.

O texto acima foi extraído do livro “Porção de Tintas“, de Márcia Carrano, FUNALFA Edições, Juiz de Fora (MG), 2003, pág. 101.

sábado, 29 de janeiro de 2011

One more time

"Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca."

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Da noite

Quando estão fora de sincronia, as ondas se anulam, cancelando uma à outra; quando estão em sincronia, elas se ampliam.

[Daniel Goleman]


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"Um dos maiores inconvenientes do amor é que nos faz, pelo menos durante algum tempo, correr o risco de sermos realmente felizes."

[Alain de Botton - Ensaios de Amor]

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Da tristeza

Sim, estou triste.
Sinto-me fracassada. De nada adiantam as palavras de conforto: "você já conquistou tanta coisa", "olhe o quão privilegiada você é", "poderia ser pior". Nada disso me faz sentir melhor.
Estou triste. Vou respeitar esse sentimento da mesma forma que respeito a alegria. Vou viver essa tristeza até o fim. Vou me questionar sempre.
Essa sou eu.
Na versão triste, mas sou eu.

E pnc da dermato!!!!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Da insegurança

não importa o que as pessoas não sabem, importa o que só você poderia saber.
A verdade é um mistério nascido nas lutas solitárias.

domingo, 16 de janeiro de 2011

das crenças

não hoje. mas ainda.

e sigo à cantar.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Da minha vez

"Asfixia. Esta espera, este temer que acabe o que não pode acabar".

[Casimiro de Brito]

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Das coisas

everything in its right place.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Do ontem, de um não-hoje e de um possível (ou não) amanhã

"O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mentir e me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os tremores me vêm agitar
E todos os suores me vêm encharcar
E todos os meus nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz suplicar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo"

Chico.
E eu.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Retirando o post anterior...

E se as pessoas voltam e é bom assim???