segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

domingo, 30 de dezembro de 2012

Da ciranda

 "E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim."

[Caio Fernando de Abreu]

Ciclo da vida atual


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

2012

Eu tava na paz total.
Mas agora to com uma angústia das bravas...
Não tem sensação pior do que a de interromper suas férias maravilhosas num paraíso pra ser obrigada a voltar para ser escrava de um esquema de 4 dias da residencia. E o pior, ou melhor, (vai saber...) depois ter mais 4 dias de férias, isolados, sem destino...
Ah nem..
Acaba logo 2012.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Do que eu sinto

Cansada. Decepcionada. Triste. Confusa. Angustiada. Derrotada.



Homem é tudo palhaço. Por que vc fugiria à regra?

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Da partida


"Olha, antes do ônibus partir eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende? Olha, falta muito pouco tempo, e se eu não te disser agora talvez não diga nunca mais, porque tanto eu como você sentiremos uma falta enorme dessas coisas, e se elas não chegarem a ser ditas nem eu nem você nos sentiremos satisfeitos com tudo que existimos, porque elas não foram existidas completamente, entende, porque as vivemos apenas naquela dimensão em que é permitido viver, não, não é isso que eu quero dizer, não existe uma dimensão permitida e uma outra proibida, indevassável, não me entenda mal, mas é que a gente tem tanto medo de penetrar naquilo que não sabe se terá coragem de viver, no mais fundo, eu quero dizer, é isso mesmo, você está acompanhando meu raciocínio? Falava do mais fundo, desse que existe em você, em mim, em todos esses outros com suas malas, suas bolsas, suas maçãs, não, não sei porque todo mundo compra maçãs antes de viajar, nunca tinha pensado nisso, por favor, não me interrompa, realmente não sei, existem coisas que a gente ainda não pensou, que a gente talvez nunca pense, eu, por exemplo, nunca pensei que houvesse alguma coisa a dizer além de tudo o que já foi dito, ou melhor pensei sim, não, pensar propriamente dito não, mas eu sabia, é verdade que eu sabia, que havia uma outra coisa atrás e além das nossas mãos dadas, dos nossos corpos nus, eu dentro de você, e mesmo atrás dos silêncios, aqueles silêncios saciados, quando a gente descobria alguma coisa pequena para observar, um fio de luz coado pela janela, um latido de cão no meio da noite, você sabe que eu não falaria dessas coisas se não tivesse a certeza de que você sentia o mesmo que eu a respeito dos fios de luz, dos latidos de cães, é, eu não falaria, uma vez eu disse que a nossa diferença fundamental é que você era capaz apenas de viver as superfícies, enquanto eu era capaz de ir ao mais fundo, você riu porque eu dizia que não era cantando desvairadamente até ficar rouca que você ia conseguir saber alguma coisa a respeito de si própria, mas sabe, você tinha razão em rir daquele jeito porque eu também não tinha me dado conta de que enquanto ia dizendo aquelas coisas eu também cantava desvairadamente até ficar rouco, o que eu quero dizer é que nós dois cantamos desvairadamente até agora sem nos darmos contas, é por isso que estou tão rouco assim, não, não é dessa coisa de garganta que falo, é de uma outra de dentro, entende? Por favor, não ria dessa maneira nem fique consultando o relógio o tempo todo, não é preciso, deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente, você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso, eu compreendi a tempo que você precisava de muito espaço, claro, claro que eu compro uma revista pra você, eu sei, é bom ler durante a viagem, embora eu prefira ficar olhando pela janela e pensando coisas, estas mesmas coisas que estou tentando dizer a você sem conseguir, por favor, me ajuda, senão vai ser muito tarde, daqui a pouco não vai mais ser possível, e se eu não disser tudo não poderei nem dizer e nem fazer mais nada, é preciso que a gente tente de todas as maneiras, é o que estou fazendo, sim, esta é minha última tentativa, olha, é bom você pegar sua passagem, porque você sempre perde tudo nessa sua bolsa, não sei como é que você consegue, é bom você ficar com ela na mão para evitar qualquer atraso, sim, é bom evitar os atrasos, mas agora escuta: eu queria te dizer uma porção de coisas, de uma porção de noites, ou tardes, ou manhãs, não importa a cor, é, a cor, o tempo é só uma questão de cor não é? Por isso não importa, eu queria era te dizer dessas vezes em que eu te deixava e depois saía sozinho, pensando também nas coisas que eu não ia te dizer, porque existem coisas terríveis, eu me perguntava se você era capaz de ouvir, sim, era preciso estar disponível para ouvi-las, disponível em relação a quê? Não sei, não me interrompa agora que estou quase conseguindo, disponível só, não é uma palavra bonita? Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? Dolorido-colorido, estou repetindo devagar para que você possa compreender, melhor, claro que eu dou um cigarro pra você, não, ainda não, faltam uns cinco minutos, eu sei que não devia fumar tanto, é eu sei que os meus dentes estão ficando escuros, e essa tosse intolerável, você acha mesmo a minha tosse intolerável? Eu estava dizendo, o que é mesmo que eu estava dizendo? Ah: sabe, entre duas pessoas essas coisas sempre devem ser ditas, o fato de você achar minha tosse intolerável, por exemplo, eu poderia me aprofundar nisso e concluir que você não gosta de mim o suficiente, porque se você gostasse, gostaria também da minha tosse, dos meus dentes escuros, mas não aprofundando não concluo nada, fico só querendo te dizer de como eu te esperava quando a gente marcava qualquer coisa, de como eu olhava o relógio e andava de lá pra cá sem pensar definidamente e nada, mas não, não é isso, eu ainda queria chegar mais perto daquilo que está lá no centro e que um dia destes eu descobri existindo, porque eu nem supunha que existisse, acho que foi o fato de você partir que me fez descobrir tantas coisas, espera um pouco, eu vou te dizer de todas as coisas, é por isso que estou falando, fecha a revista, por favor, olha, se você não prestar muita atenção você não vai conseguir entender nada, sei, sei, eu também gosto muito do Peter Fonda, mas isso agora não tem nenhuma importância, é fundamental que você escute todas as palavras, todas, e não fique tentando descobrir sentidos ocultos por trás do que estou dizendo, sim, eu reconheço que muitas vezes falei por metáforas, e que é chatíssimo falar por metáforas, pelo menos para quem ouve, e depois, você sabe, eu sempre tive essa preocupação idiota de dizer apenas coisas que não ferissem, está bem, eu espero aqui do lado da janela, é melhor mesmo você subir, continuamos conversando enquanto o ônibus não sai, espera, as maçãs ficam comigo, é muito importante, vou dizer tudo numa só frase, você vai ......... ............ ............. ............ .......... ........... ............. ............ ............ ............ ......... ........... ............ ............ sim, eu sei, eu vou escrever, não eu não vou escrever, mas é bom você botar um casaco, está esfriando tanto, depois, na estrada, olha, antes do ônibus partir eu quero te dizer uma porção de coisas, será que vai dar tempo? Escuta, não fecha a janela, está tudo definido aqui dentro, é só uma coisa, espera um pouco mais, depois você arruma as malas e as botas, fica tranqüila, esse velho não vai incomodar você, olha, eu ainda não disse tudo, e a culpa é única e exclusivamente sua, por que você fica sempre me interrompendo e me fazendo suspeitar que você não passa mesmo duma simples avenca? Eu preciso de muito silêncio e de muita concentração para dizer todas as coisas que eu tinha pra te dizer, olha, antes de você ir embora eu quero te dizer quê."


[Caio Fernando de Abreu]

Da mentira

Posso dizer que não espero sua mensagem, sua manifestação mínima, seu pensamento. Posso dizer que tô seguindo bem minha vida sem você. Mas negar um sentimento não tem porque. Apesar de ser difícil, envolver tantas coisas, é como se não visse a mesma graça nas outras pessoas.  Apesar do pequeno tempo juntos.
"A gente nem ficou. Mesmo assim eu não tiro você da cabeça. O tempo que durou nosso encontro me faz duvidar que um dia eu te esqueça"
Mais uma mentira na minha vida.
E nunca pedi tanto pro Papai Noel um bom Natal.
Quem sabe?

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Do céu

"As coisas não caem do céu. É preciso ir buscá-las. Voar alto. Mergulhar fundo. Muitas vezes será preciso voltar ao ponto de partida e recomeçar tudo outra vez. As coisas não caem do céu. Mas quando, após haverem empenhado cérebro, nervos, coração, chegarem ao resultado buscado, saboreiem a vitória merecida gota a gota, sem se esquecer, no entanto, que ninguém é bom demais, que ninguém é bom sozinho e que no fundo no fundo, por paradoxal que pareça, as coisas caem mesmo é do céu. E é preciso agradecer”.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Do presente

‎"Não se iluda. Fugindo ou não dela, é a morte que dá sentido à vida. É diante da possibilidade do fim que criamos uma existência que valha a pena. Sem ela, deixaríamos tudo para um amanhã que nunca chegaria, presos a um presente tão repetitivo quanto infinito. Calar a morte é uma burrice, já que inútil, mas é principalmente a perda de uma grande oportunidade para viver uma vida mais viva." 

[Eliane Brum]

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

sábado, 24 de novembro de 2012

Da minha vontade

Não ir pra esta @#$%^! de plantão.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Da minha vontade

Again, again!!

Do desapego

Porque definitivamente não consigo mais pegar, gostar e não apegar...

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Da estupidez

‎"A vida das pessoas sãs, dos homens comuns, era uma estupidez pior do que a morte. Parecia não haver alternativa possível. A educação também parecia uma armadilha. A pouca educação que eu tinha me permitido havia me tornado ainda mais desconfiado. O que eram médicos, advogados, cientistas? Apenas homens que tinham permitido que sua liberdade de pensamento e a capacidade de agir como indivíduos lhes fosse retirada. Voltei para meu barracão e enchi a cara...

Sentado ali, bebendo, considerei a opção do suicídio, mas me senti estranhamente apaixonado pelo meu corpo, pela minha vida. Apesar das cicatrizes que marcavam meu corpo e minha existência, ambos eram propriedades minhas. Eu podia me levantar agora e sorrir com escárnio para meu reflexo no espelho da cômoda: se você tem que ir, que leve ao menos uns oito juntos, uns dez, uns vinte...
Era uma noite de dezembro, um sábado. Estava no meu quarto e tinha bebido muito mais do que o de costume, acendendo um cigarro no outro, pensando nas garotas e na cidade e nos empregos e nos anos que ainda viriam. Olhando para o devir, eu gostava muito pouco do que via. Eu não era um misantropo ou um misógino, mas gostava de estar sozinho. Era bom estar solitário num lugarzinho, sentado, fumando e bebendo. Sempre tinha sido uma boa companhia para mim mesmo."


[Charles Bukowski]

Dos corações


"Dentro de cada coração há um segredo guardado, um segredo que jamais será contado à melhor amiga, nem ao padre nem ao psicanalista. Não que seja algo que deva ser escondido, mas é uma coisa que não poderá, jamais, ser dividida com ninguém: é uma coisa só sua. Pode se tratar de um fato que aconteceu e que seria um escândalo se alguém soubesse, uma linda história de amor ou apenas um delírio de imaginação, mas dele ninguém vai saber, nunca.
Virou uma mania contar tudo que nos acontece; mas as mais graves, mais sérias, que vêm lá do fundo, essas não se conta a ninguém. A gente pensa que certos pensamentos só acontecem com mulheres muito bonitas e homens muito interessantes, gente que já percorreu o mundo e passou por todas as experiências: ledo engano. Na vida da mais humilde lavadeira da periferia podem ter acontecido coisas que fariam inveja à mais bela e elegante mulher da cidade, que talvez por cuidar tanto de sua beleza e de sua elegância nunca perdeu tempo olhando seu próprio coração."
[Danuza Leão]

domingo, 18 de novembro de 2012

Dos trens

"Os trens que não tomamos são os que nos levam mais longe". 

[Michel Schneider]

sábado, 17 de novembro de 2012

É só isso

"Não tenho o que dizer
São só palavras
E o que sinto
Não mudará"

[Vanessa da Matta - Boa Sorte]

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Dos 30

 "Quando eu tiver 30 anos já vou ser casada, ter 2 filhos, um menino e uma menina, e também vou ser médica, atriz, bailarina e professora." 
.

Trinta anos é uma idade simbólica, aquela em que quando ainda criança você imagina que tudo já vai estar encaixado e perfeito na sua vida. É um número que pesa um pouco, a entrada na quarta década de vida.. Os vinte, década da juventude, das farras e das novidades, passaram voando chegando nessa idade em que você teoricamente já é um adulto e deverá ter a maturidade de um, mas que apesar disso, você de certa forma ainda é jovem. Mas ao meu ver é um símbolo de como o tempo passa rápido sem a gente perceber, e sem necessariamente aproveitarmos sempre tudo da forma como devíamos ou gostaríamos.
É a hora do balanço geral, de ver se os sonhos de criança chegaram ao menos perto da realidade, ou se é hora de mudar mais uma vez.

Hoje aos 30 anos não sou casada.
Nem sequer tenho um noivo, nem ainda um companheiro ou namorado. Ao longo desses anos tenho a sensação de que o amor sempre esteve perto de me encontrar, mas quase ao chegar desviou a rota e fez outra escolha. Inevitávelmente, é o quesito em que mais lamento não estar realizada. Sempre tive planos de com o amor, construir uma família, a minha. Mas esse é o tipo de plano que vai se descorando e ficando cada vez mais desbotado com o passar do tempo. 

Hoje aos 30 anos não tenho um filho.
Muitos menos dois, menina e menino... É um plano que pra mim está totalmente ligado a realização de fazer parte de um casal, de ter um companheiro pra dividir as dificuldades e as alegrias que um filho pode trazer. E esse deve ser frutodo amor cultivado entre os dois. E ponto.
Essas modernidades de produção independente, ainda não são pra mim.
Quem sabe, quando eu tiver chegando aos 40, e escrevendo por aqui, eu já não pense diferente?
Mas hoje, não acho uma idéia muito interessante.

Hoje aos 30 anos sou médica. Mas sou residente. 
Mas ainda não como eu queria, se é que algum dia chego lá. 
Aos que acham que residente não é médico, se enganam. Residência é um limbo em que você ainda está estudando uma especialidade, mas não é mais estudante. Mas ainda não é um profissional especializado. 
É um meio do caminho, e eu com minha preguiça de indefinições, odeio mais essa etapa. Torço pra que chegue logo o fim, pra que eu possa finalmente ser a médica como eu gostaria, e não como sou obrigada a ser.  

Hoje aos 30 anos já fui atriz. 
Papel pequeno, teatro amador, mas foi bom enquanto durou. 
Saudades daquela época e arrependimento de não ter feito mais. 

Hoje aos 30 anos não sou bailarina. 
Mas já aprendi a dançar muitos ritmos e muitos passos, a ponto de me satisfazer um pouquinho. 
Realizando de certa forma o sonho de menina. Claro, muito adaptado à realidade, como na maioria das vezes os sonhos são. Mas apesar de não ser bailarina, uma coisa que aprendi plenamente foi dançar conforme a música. Se eu queria muito muito muito uma coisa, mas não posso tê-la por algum motivo, paciência. Vamos ter a coisa que queria só muito, e que é acessível.

Hoje aos 30 anos não sou professora.
Oriento um pouco meus acadêmicos, ensino quando eu posso, já fui preceptora de tutoria (serve?), mas não sou professora. Quem sabe um dia. Antes preciso perder completamente a insegurança diante do que não sei, e aprender a buscar o conhecimento daí. Enquanto isso não acontece, prefiro me limitar ao tentar dominar o conhecimento que descobrem pra mim, que já é muito vasto.


Bem, é isso... Parte dos sonhos se concretizaram, parte não.. 
Parte está próxima a se realizar, parte nem de longe. 
Parte dessa realização não depende de mim, parte que depende só de mim já está sendo trilhada. 
Mas quem sabe o que não realizei ainda não será concretizado nos próximos anos? 
Quem sabe o amor ainda vai lembrar de mim e me trazer um companheiro, uma família, ou até os filhotes? 
Quem sabe os planos não mudam totalmente com o passar dos anos e com as experiências acumuladas?
Quem viver, verá.
;-)

sábado, 10 de novembro de 2012

...


Rir pra não chorar

E quando você descobre que até aquele paquera do colégio tá noivo??? Depressão eterna!

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Da passagem

"Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens …
Não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabe que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue:
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade …
É a eternidade.
És tu."

[Cecília Meirelles]

terça-feira, 6 de novembro de 2012

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Dos braços


"Com dias programados, se desprogramou de grandes expectativas. Não atendia aos telefonemas do inesperado. Se tornou estrada com placas demarcando limites. Quando sentimentos desavisados resolviam fazer “canturia” nas janelas do seu coração, de imediato passava a tranca no sótão dos sonhos e dormia embalada pelo silêncio da noite. Mesmo com todo esse cuidado, em um piscar de olhos foi sequestrada por um sorriso, sua armadura queimada por palavras docemente firmes. Bastou um pequeno gesto e todos os muros, toda a segurança havia caído. Se tornou uma sem teto, com pés descalços, sorriso fácil, refém nos braços da poesia."

[Renata Fagundes]

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Tua cartilha tem o A de que cor?


"... O que os olhos não vêem o coração pressente..."

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Da precisão

"E do que precisamos?
Anote aí, é pouca coisa: palavras, arte e amor."

[Martha Medeiros]

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

http://www.youtube.com/watch?v=Y5bAp6zPLrs&feature=fvwrel
Vida engraçada...

domingo, 28 de outubro de 2012

Calor.

Da saudade da votinha 2


"Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos..."

[Pablo Neruda]

Da saudade da votinha

"No circo dessa vida passageira
Mais um palhaço exibe uma loucura
Sou eu que nessa comedia verdadeira
Em tempo algum aceitará censura
 Curvado as leis severas da natura
Aqui cheguei vestido como uma caveira
Do berço com destino a sepultura
Obrigado a seguir queira ou nao queira
 Nao sou pois, nem sequer dona de mim
E se de tal mistério eu nada tomo
Ora chorando, ora sorrindo enfim..
 Como quem tudo enxerga e nada vê
Assim como cheguei sem saber como
Irei voltando sem saber porque... "

Da desesperança

Cá estou.
Só como nunca ou como sempre. Entre todos os pares.
E isso nunca vai mudar.

sábado, 27 de outubro de 2012

Do ser humano

"Lóri estava triste. Não era uma tristeza difícil. Era mais como uma tristeza de saudade. Ela estava só. Com a eternidade à sua frente e atrás dela. O humano é só. Ela quis retroceder. Mas sentia que era tarde demais: uma vez dado o primeiro passo este era irreversível, e empurrava-a para mais, mais, mais! O que quero, meu Deus. É que ela queria tudo. Como se passasse do homem-macaco ao pitecantropus erectus. E então não havia como retroceder: a luta pela sobrevivência entre mistérios. E o que o ser humano mais aspira é tornar-se um ser humano."

[Clarice Lispector in uma aprendizagem ou O livro dos prazeres]

Sun, sun, sun, here it comes.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

:)

Que a vida se torne a cada dia mais real.
Que a realidade seja a cada dia mais feliz.
Sem sonhos inatingíveis.
Sem idealizações imaginações confusões.

Que os sonhos não se tornem realidade, mas que a realidade se aproxime da sonhada.
E sim, são coisas diferentes.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Do incognoscível

"Espero, sem compreender, a hora de não mais esperar."

[Catherine Pozzi]

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Da raiva

"Amor, então também acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
Que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima"

[Paulo Leminski]
Não quero deixar o melhor de mim pra amanhã.

Do futuro

"nunca sei ao certo
se sou um menino de dúvidas
ou um homem de fé

certezas o vento leva
só as dúvidas continuam em pé"

[Paulo Leminski]

domingo, 21 de outubro de 2012

Das escolhas

"Mas era tarde: ela já ansiava por novos êxtases de alegria ou de dor. Tinha era que ter tudo o que o mais humano dos humanos tinha. Mesmo que fosse a dor, ela a suportaria, sem medo novamente de querer morrer.
Suportaria tudo. Contanto que lhe dessem tudo.
Não. Ninguém lhe daria.
Tinha que ser ela própria a procurar ter. Inquieta, andava de um lado para outro do apartamento, sem lugar onde quisesse se sentar. Seu anjo da guarda a abandonara. Era ela mesma que tinha que ser sua própria guardiã. E tinha agora a responsabilidade de ser ela mesma.
Nesse mundo de escolhas, ela parecia ter escolhido."

[Clarice Lispector - Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres]

Da percepção

"Com alguma dor Lóri percebeu que Ulisses, apesar de dizer o contrário, não queria se dar a ela. E ela pagaria com a mesma moeda. Talvez antes de ele falar, ela tivesse a intenção de um dia dar-se, pois sabia que teria de dar a alguém o que ela era, senão o que faria de si? Como morrer antes de dar-se, mesmo em silêncio? Porque no dar-se teria enfim uma testemunha de si própria. "

[Clarice Lispector in Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres - pag. 32]

sábado, 20 de outubro de 2012

Basta

"A mim, bastaria o seu amor."

[José de Alencar]

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Alta popularidade de volta.

Por que será? 
You have not been paying attention...

Now that you find it, its gone. Now that you feel it, you dont. 

By there will be something missing. 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Do viver


"Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho. Pesa-me um como a possibilidade de tudo, o outro como a realidade de nada. Não tenho esperanças nem saudades. Conhecendo o que tem sido a minha vida até hoje — tantas vezes e em tanto o contrário do que eu a desejara —, que posso presumir da minha vida de amanhã senão que será o que não presumo, o que não quero, o que me acontece de fora, até através da minha vontade? Nem tenho nada no meu passado que relembre com o desejo inútil de o repetir. Nunca fui senão um vestígio e um simulacro de mim. O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.
Breve sombra escura de uma árvore citadina, leve som de água caindo no tanque triste, verde da relva regular — jardim público ao quase crepúsculo —, sois, neste momento, o universo inteiro para mim, porque sois o conteúdo pleno da minha sensação consciente. Não quero mais da vida do que senti-la a perder-se nestas tardes imprevistas, ao som de crianças alheias que brincam nestes jardins engradados pela melancolia das ruas que os cercam, e copados, para além dos ramos altos das árvores, pelo céu velho onde as estrelas recomeçam."

[Fernando Pessoa]

domingo, 7 de outubro de 2012

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Da atitude

Uma atitude vale mais que mil palavras.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Do hoje

Espero continuar sendo a ponderação e a sensatez dentro do grupo.
Que as posições unilaterais e especialmente as ditatoriais amenizem.
Que a força que eu tenho seja suficiente para a resolução das parcialidades e para que a solução, ao menos a atual, seja a mais justa possível.
Que o carinho recebido pela manhã combata todos os sentimentos de falação e de impotência da noite.
Que o meu bem estar físico e mental não seja abalado, muito menos por isso.
Que assim seja.



terça-feira, 2 de outubro de 2012

Do tudo


"Eu quero tudo e mais ainda. Amor tem que encher o coração, a casa, a alma. Pouco ou metades nunca me completaram."

[Clarice Lispector]

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Do caminho


E que o caminho seja repleto de iniciativa, do jeito que eu gosto.. ; )

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Dos sonhos


"Sonharás uns amores de romance, quase impossíveis. Digo-lhe que faz mal, que é melhor contentar-se com a realidade; se ela não é brilhante como os sonhos, tem pelo menos a vantagem de existir."

[Machado de Assis]

Do não


"Não pode ou não quer? 
Não consegue, ou nunca tentou?  
Não sabe, ou finge não saber? 
 Não ama, ou só tem medo?
O que você tanto esconde?"

[Caio Augusto Leite]

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Será?

"A gente sempre procura um amor que dure o mais possível.
Pra mim é horrível eu aceitar o fato de que eu tô em disponibilidade afetiva. Esse espaço branco entre dois encontros pode esmagar completamente uma pessoa. Por isso eu acho que a gente se engana, muitas vezes. Aparece uma pessoa qualquer e então tu vai e inventa uma coisa que na realidade não é. E tu vai vivendo aquilo, porque não agüenta o fato de estar sozinho."

[Caio Fernando de Abreu]

quarta-feira, 26 de setembro de 2012


Mas gosto, gosto das pessoas. Não sei me comunicar com elas, mas gosto de vê-las, de estar ao seu lado, saber suas tristezas, suas asperezas, suas vidas. Às vezes também me dá uma bruta raiva delas, de sua tristeza, sua mesquinhez. Depois penso que não tenho direito de julgar ninguém, que cada um pode - e deve - ser o que é, ninguém tem nada com isso. Em seguida, minha outra parte sussurra em meus ouvidos que aí, justamente aí, está o grande mal das pessoas: o fato de serem como são e ninguém poder fazer nada. Só elas poderiam fazer alguma coisa por si próprias, mas não fazem porque não se veem, não sabem como são. Ou, se sabem, fecham os olhos e continuam fingindo, a vida inteira fingindo que não sabem.

Caio Fernando Abreu

terça-feira, 25 de setembro de 2012

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

domingo, 23 de setembro de 2012

Post de 19/09/08


"A distância que separa os sentimentos das palavras. Já pensei nisso. E o mais curioso é que no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Ou pelo menos o que me faz agir não é, seguramente, o que eu sinto mas o que eu digo."

Clarice Lispector, Perto do Coração Selvagem

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Do verde

    "Não desejei senão estar ao sol ou à chuva -
    Ao sol quando havia sol
    E à chuva quando estava chovendo
    (E nunca a outra cousa),
    Sentir calor e frio e vento,
    E não ir mais longe.


    Uma vez amei, julguei que me amariam,
    Mas não fui amado.
    Não fui amado pela unica grande razão -
    Porque não tinha que ser.


    Consolei-me voltando ao sol e a chuva,
    E sentando-me outra vez a porta de casa.
    Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
    Como para os que o não são.
    Sentir é estar distraido."


    [Fernando Pessoa/Alberto Caieiro]

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Das lágrimas

Nesse momento em que escrevo, choro.
Por tudo o que é e não devia ser.
Por tudo que foi e não é mais.
Por não conseguir fazer mais do que faço e nem ser mais do que sou.
Por não conseguir fazer dos meus sentimentos palavras.
Por não conseguir fazer do espaço o meu espaço, e do tempo o meu tempo.
Por me sentir tão vulnerável e ao mesmo tempo tão inatingível.
Por querer acreditar no não-palpável, mas não conseguir mais.
Por sentir apesar de não querer.

Aqui choro no escuro.
Sozinha. Calada.
Por não conseguir viver alheia.
E ainda assim ter que viver.
Alheia.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Do desejo - Post de 10/08/08

"É horrível na vida da gente ficar sem alguma coisa que nós queremos; mas caramba, o que me enfurece é não poder dar a alguém alguma coisa que a gente queria que ele tivesse."

[Truman Capote]

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Do resumo - Post de 18/09/08


"Afinal nessa busca de prazer está resumida a vida animal. A vida humana é mais complexa: re­sume-se na busca do prazer, no seu temor, e sobre­tudo na insatisfação dos intervalos.
É um pouco sim­plista o que estou falando, mas não importa por en­quanto. Compreende? Toda ânsia é busca de prazer. Todo remorso, piedade, bondade, é o seu temor. Todo o desespero e as buscas de outros caminhos são a insatisfação. Eis aí um resumo, se você quer. Com­preende?"

[Clarice Lispector-  Perto do Coração Selvagem]

Pensamento do dia

Gato escaldado tem medo de água fria.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

E eu não trabalho com menage-a-trois.

E aí? Como é que faz?
Não faz, né?

I'm ready - Post de 06/04/12


domingo, 16 de setembro de 2012


I'm still just a rat in a cage..

Recomeçando o blog?!? Post de 29/07/08


Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara

Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara

Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando uma agulha num palheiro

Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

[Cazuza]

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Das mãos

"As mãos tateiam
Por baixo do pano, 
Mais leves do que o sono
De um soldado.

No vale dos encantos
Onde tudo é possível
Um homem sonha que caminha
Sobre um chão de mosaicos.

Ele penetra
Os recessos de um livro,
Abre a fonte lacrada.

Um cheiro de açucena
(E não o vinho)
O embriaga.

Nunca sua fantasia ousara
Frequentar um palácio
De perfumes e licores
Preexistentes à vontade.

O amor vem quando quer
E se vai antes que a noite
Se desfaça.

Esconde o poeta nesses versos
A suave gradação entre os sentidos
E o insondável.

[Mariana Ianelli ]

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Do fogo


"Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira."

[Rubem Alves]

Do coração

"Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos."


[Carlos Drummond de Andrade]

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Da vida real

"Quanto à moça, ela vive num limbo impessoal, sem alcançar o pior nem o melhor. 
Ela somente vive, inspirando e expirando, inspirando e expirando. Na verdade — para que mais que isso? (...)  Para adormecer nas frígidas noites de inverno enroscava-se em si mesma, recebendo-se e dando-se o próprio parco calor.  Dormia exausta, dormia até o nunca..." 

[Clarice Lispector]


sábado, 1 de setembro de 2012


Dos diálogos platônicos: conversando com os dedos

"- Eu quero saber o que você ía falar
- Nada de importante.
- Mesmo assim eu gostaria saber, saber o que há contigo agora.
- Eu também.
- Espero que não seja nada comigo.
- Pode ser.
- E o que pode ser?
- Nada de ruim, simplesmente quando eu não tô muito legal você não tem a mínima paciência.
- Desculpa. Sou assim mesmo.
- Assim como?
- Meio sem paciência.
- Pois é. E eu sou uma chata. Disse que era chata. Muito chata.
- Chata, um saco, mas mesmo assim continuo gostando de você mais do que deveria.
- Pode até ser. Mas não tem paciência. Acho que nem eu tenho.
- Me beija.
- Onde?
- Onde eu possa sentir seu gosto.
- Mesmo que eu esteja meio amarga?
- Tá bom. Não quer não beija.
- Só fiz uma pergunta!
- Sim.
- Sim o quê?
- Mesmo que você esteja meio amarga.
- Puta que pariu!
- Eu já respondi sua pergunta. E daí?
- Como?
- Não se faz.
- Como assim?
- Tudo bem. Era apenas um beijo mesmo. Igual a qualquer outro.
- Se você queria por que não o fez?
- Quando? Onde? Como?
- Pois é exatamente o que eu gostaria saber.
- Ontem, hoje, amanhã. Mês que vem, mês passado. No ano novo, no ano velho, no próximo século. Na minha cama, na sua cama, no cinema, no carro, no sofá, em cima desta mesma, na torre, no céu, no inferno, no banheiro, no motel, na praia, na serra, no restaurante, no bar, no shopping, no provador de roupas das lojas americanas. Como? Como, eu não sei.
- Eu iria perguntar exatamente isso: como?
- Do seu jeito.
- O que houve?
- Fiquei muda. Cega. Surda. Calma. Enlouquecida. Desmemoriada. Enraivecida. Convencida.... convencida de que eu preciso de você.
- Pra quê?
- Pra tudo.
- Eu amo você.
- Estou com fome.
- Às vezes odeio todos que me prendem. Às vezes preciso muito dos poucos que conseguem me prender.
- Eu consigo prender você?
- Já respondi isto.
- Quando?
- Quando disse que preciso de você.
- Eu também preciso de você. Mas às vezes parece que você não percebe isso e, outras, parece que você não precisa de mim.
- Simplesmente vivemos em uma ilha paradigmática repleta de diálogos platônicos."

[André Takeda]

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Da prateleira

"Podia ser só amizade, paixão, carinho, admiração, respeito, ternura, tesão.

Com tantos sentimentos arrumados cuidadosamente na prateleira de cima, tinha de ser justo amor, meu Deus?"

[Caio Fernando Abreu]

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Da exaustão



"Sinto a exaustão dos pensamentos em vão
Tentando imaginar você aqui
Trazê-lo para perto de mim
Me perco na frustração de uma distancia
Escrevo na tentativa de acreditar
Que os meus olhos que agora escrevem
Irão encontrar os teus que estarão lendo
E, quem sabe assim, em um fortuito segundo
Sentir um lampejo da sensação de estar ao teu lado"
 

[thiago almeida]

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Neste período, que vai de 29/08 (hoje) às 22h52 a 01/09 às 1h03, a passagem da Lua pelo setor das finanças forma oposição ao Sol no setor das crises pessoais. A oposição tem uma natureza de conflito, mas também de complementação: o que é realmente importante para você, e que deve ser preservado, versus aquilo que não lhe serve mais, ao qual você tem um tolo apego emocional, mas que está na hora de se livrar. O Sol na Casa 8 ilumina e esclarece a respeito do que não lhe serve mais e que precisa ser descartado sem piedade. A Lua na Casa 2 sugere a dor do apego ao que não tem mais funcionalidade em sua vida. É uma fase crítica, mas também libertadora, natural das luas cheias. Admire a Lua Cheia nestas noites, e compreenda que ela lhe concede o dom da renovação

Meu horóscopo

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Rapaz, vamos acordar pra vida?

Foco é o menor dos meus problemas quando você é o maior deles.

Tenho dito.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Da renúncia

"A renúncia é libertação.
Não querer é poder."

[Fernando Pessoa]

Da cegueira

"Você roda e vive preso à rotina.
Acorda, se arruma, trabalha e sai de lá com o céu escuro, pensando na vida.
Não está nada boa.
Você imagina o que faria.
Pega o carro e com ele, as piores dúvidas.
Você lamenta a idade, a falta de empreendedorismo e o corte de cabelo a caminho de casa.
Encontra a geladeira cheia com o coração vazio.
Tem muitos algo de errado.
Grita para dentro do peito que a sua vida não deveria ser essa.
Quer mudar os planos e faz promessas para a manhã seguinte.
Mas a cegueira é cíclica.
E nessa roda, você não põe o rosto para fora com medo do vento forte nos olhos.
E fica sem saber o que o vento traria."

[Lorena Goretti - adaptado]

domingo, 26 de agosto de 2012

Do possível

Esquecer não é possível.

É possível seguir em frente, viver em frente, outras coisas, outras pessoas, apesar de.

Outra possibilidade é sair da vidinha cômoda e se mover minimamente em busca do que poderia hipotéticamente trazer mais satisfação. Ir além.
Arriscar sair do conhecido, fácil e confortável e ir atrás do menos conhecido, levemente mais complicado e por essa razão, mais arriscado.

Eu acho que a vida só vale a pena se corrermos esses pequenos riscos.
Mas agora não depende do que eu acho.

Depende do que vc acha.


sábado, 25 de agosto de 2012

Do mover

"porque você não pode voltar atrás no que vê.
você pode se recusar a ver, o tempo que quiser: até o fim de sua maldita vida, você pode recusar, sem necessidade de rever seus mitos ou movimentar-se de seu lugarzinho confortável.
mas a partir do momento em que você vê, mesmo involuntariamente, você está perdido:
as coisas não voltarão a ser mais as mesmas e você próprio já não será o mesmo."

[caio fernando abreu]

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Da vã pergunta

"Esta jovem pensativa, de olhos cor de mel e de longas pestanas penumbrosas 
Que está sentada junto àquele jovem triste de largos ombros e rosto magro 
É ela a amada dele e é ele o amado dela e é a vida a sombra trágica dos seus gestos? 
Este trem veloz cheio de homens indiferentes e mulheres cansadas e crianças dormindo 
Que atravessa esta paisagem desolada de árvores esparsas em montes descarnados 
É ela o movimento e é ele a fuga e são eles o destino fugitivo das coisas? 
Que dizem os lábios murmurantes dele aos olhos desesperados dela? 
Que pronunciam os lábios desesperados dela aos olhos lacrimejantes dele? 
Que pedem os olhos lacrimejantes dele à paisagem fugindo? 
Não são eles apenas uma só mocidade para o tempo e um só tempo para a eternidade? 
Não são seus sonhos um só impulso para o amor e os seus suspiros um só anseio para a pureza? 
Por que este transtorno de faces e esta consumição de olhares como para nunca mais? 
Não é um casto beijo isso que bóia aos lábios dele como um excedimento da sua alma? 
Não é uma carícia isso que treme nas mãos dela como um arroubo da sua inocência ? 
Por que os sinos plangendo do fundo das consolações como as vozes de aviso dos faróis perdidos? 
É bem o amor essa insatisfação das esperanças?"


[vinicius de moraes]

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Mais simples ainda

Não alimente esperanças se você claramente não tem a menor intenção de torná-las realidade.
Não faça isso.
Não me faça isso.

Sinceramente, o que você quer de mim?

domingo, 19 de agosto de 2012

Do breu

Ô rapaz, vê:
Se eu olho pra trás é porque não consigo ver nada à frente.

Lá, o ontem dá uma proporção diferente aos fatos.

Aqui no presente, o hoje me parece tão perfeitamente adequado pra você.
E tão escuro, solitário e sombrio pra mim.

E é você que está lá.

E é você que eu queria ter aqui.
Junto.

Mas você não quer assim. 

E isso não posso mudar. 
E sem saída, vou caminhando sempre em frente, por essas paisagens acinzentadas, levando comigo minhas memórias que eu pinto com lápis de cor. 

À espera do meu sol. 
Já que você já encontrou o seu. 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

quinta-feira, 16 de agosto de 2012


Mas arrependimento não faz o tempo voltar. 
E nem a lua brilhar no céu, nem o rio correr pro mar. 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Do meu problema


Nada de amor heroico, bonito e comovente. 
Nada de rendas brancas, vestidos de noiva, taças cruzadas.
Deixo as filosofias otimistas para quem ainda acredita nelas, como eu já acreditei um dia. 

Eu quero ser a tua insegurança, o teu objeto de desejo que te faz achar que você só tem defeitos - e que certamente não me merece. Eu quero ser o amor intruso, entrão, inconveniente; invadir o teu pensamento quando um amor menos complicado teimar em se aproximar. Eu quero ser quem te faz procurar terapias; quero ser relatado a um psicólogo. Eu quero ser o teu problema. 
Eu quero ser quem te faz sair dos lugares comuns, abandonar jantares importantes e festas com seus melhores amigos. Eu quero ser a sua ligação às três da madrugada e te confundir inteiro quando você achar que já não quer tanto assim. Também quero ser o telefone que não toca no dia seguinte. E me confundir inteira quando eu achar que você já não quer tanto assim.
Eu quero ser tuas unhas roídas e tua síndrome das pernas inquietas. Eu quero ser a resposta monossilábica para tua declaração. Eu quero ser a sua resposta fugaz pra minha declaração. Eu quero marcar um encontro, uma conversa, um café e, se de última hora, desmarcar - e houver uma eventual nova possibilidade de encontro, ver você me esperar outra vez. Eu quero ser o teu problema. 

Nada de fotos, flores, músicas de nós dois. Sem romantismo. Sem otimismo. 
Eu quero ser o teu eterno caso, a lembrança que você lamenta. Eu quero deixar explícito o meu descaso e te ver, ainda assim, se importando comigo. Quero me importar com você, apesar de explícito o seu descaso comigo. Eu quero ser as cartas que você não consegue enviar; a mentira que você não se cansa de acreditar; a saudade que emudece. Eu quero ser o teu problema. 
Quero que você seja os meus textos escritos de madrugada, a minha tentativa desesperada de não enlouquecer. Quero ser a tua insônia, a tua insanidade. Teu susto, teu único assunto. Eu Julieta, você Romeu que não morreu. Eu quero rir da sua hipótese de um futuro nosso, e ver você me odiar por um minuto e voltar a me amar com toda sua raiva logo depois. Eu quero ser as perguntas que você evita se fazer. Eu quero que você seja as respostas que não consegue me dar. 
Quero ser o seu medo de não aguentar.
Eu quero ser o teu problema, rapaz. 
Não por capricho. Não por um motivo pífio.
Eu quero ser o teu problema desde que você se tornou o meu.

[Adaptado de texto de Vitória de Melo]

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Dos minutos

"For a minute there, I lost myself."

Por um minuto tudo pareceu como deveria ou gostaria ou qualquer verbo seguido do sufixo ía.

Sensações remetendo à geografias interiores.

Ex-satélites. Inexistentes.

Come on home


domingo, 12 de agosto de 2012

Do verbo

"Eu me esqueci no armário.
Pensei estar vivendo,
estudando, trabalhando, sendo!
Pensei ter amado e odiado,
aprendido e ensinado,
fugido e lutado,
confundido e explicado.
Mas hoje, surpreso,
me vi no armário embutido
calado, sozinho, perdido, parado."

[Mário Quintana]