quarta-feira, 24 de março de 2010

D10 da ausência

Sinto sua falta.
Talvez não a sua especificamente, mas do papel que só foi ocupado por vc em minha vida.

Ainda lembro vc em cada instante.
Apesar de tudo.
Ainda tudo.

Ainda sinto.
No décimo dia da provação de Greg.
Ainda faltam cinquenta.

Resistirei à ausência?
Possivelmente.
Final-mente.

sábado, 20 de março de 2010

é pau, é pedra, é o fim do caminho.

domingo, 14 de março de 2010

Baranguísse completa é meu nome

Há uma nuvem de lágrimas
Sobre meus olhos
Dizendo prá mim
Que você foi embora
E que não demora
Meu pranto rolar...

Eu tenho feito de tudo
Prá me convencer
E provar que a vida
É melhor sem você
Mas meu coração
Não se deixa enganar...

Vivo inventando paixões
Prá fugir da saudade
Mas depois da cama
A realidade
Essa tua ausência
Doendo demais...

Dá um vazio no peito
Uma coisa ruim
O meu corpo querendo
Seu corpo em mim
Vou sobrevivendo
Num mundo sem paz...

Aaaaaaaaah!
Jeito triste de ter você
Longe dos olhos
E dentro do meu coração
Me ensina a te esquecer
Ou venha logo
E me tire desta solidão...

sábado, 13 de março de 2010

Mentiras

Nada ficou no lugar
Eu quero quebrar essas xícaras
Eu vou enganar o diabo
Eu quero acordar sua família...

Eu vou escrever no seu muro
E violentar o seu gosto
Eu quero roubar no seu jogo
Eu já arranhei os seus discos...

Que é pra ver se você volta,
Que é pra ver se você vem,
Que é pra ver se você olha,
Pra mim...

Nada ficou no lugar
Eu quero entregar suas mentiras
Eu vou invadir sua aula
Queria falar sua língua...

Eu vou publicar os seus segredos
Eu vou mergulhar sua guia
Eu vou derramar nos seus planos
O resto da minha alegria...

Que é pra ver se você volta,
Que é pra ver se você vem,
Que é pra ver se você olha,
Pra mim...(2x)

[Adriana Calcanhoto]

Sobre o eu...

"Ela tinha sonhos.
Agora, já não sabe mais se é capaz de acreditar.
Tenta não se envolver.
Será que é possível?
Saudades...
Se houver outra vida,
que eu seja menos sonhadora, menos idealizadora
Enfim, que eu não seja eu."

terça-feira, 9 de março de 2010

Estupor

esse súbito não ter
esse estúpido querer
que me leva a duvidar
quando eu devia crer

esse sentir-se cair
quando não existe lugar
aonde se possa ir

esse pegar ou largar
essa poesia vulgar
que não me deixa mentir

[leminski]

segunda-feira, 8 de março de 2010

Por não estarem distraídos - Clarice Lispector

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque -- a sede é de graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles adimiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e durs, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

domingo, 7 de março de 2010

Ninguém ignora tudo.
Ninguém sabe tudo.
Por isso aprendemos sempre.

Paulo Freire

Da doença

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente.
Preciso conduzir
Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.

Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez.

Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.

Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.

[chico buarque - todo o sentimento]

quinta-feira, 4 de março de 2010

"Enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida."

[Machado de Assis]