domingo, 24 de julho de 2016

Sigamos

"a vontade era correr mais do que as pernas aguentassem. Mas era sempre uma corrida pra frente e outra pra trás... curiosa e coincidentemente essa prática física se chama suicídio. 
De fato era isso: eu não saia do lugar e gastava toda a minha energia. 
Não tem fôlego que aguente. 
Meus pés doíam, meus joelhos doíam, mas, sobretudo, meu coração doía. 
Por constrangimento, e talvez até contra a minha vontade, eu fui dando um passinho de cada vez. No começo parecia irrelevante. Olhei pra trás muitas vezes. Eu achei que não ia conseguir me afastar nunca. Mas um passinho de cada vez e, de repente, veja só, não tem como voltar mais. 
Eu ainda olho pra trás, mas míope e astigmata que sou, dos olhos e do coração, só enxergo um borrão pequeno e escuro, no fim de um caminho tortuoso, onde eu não caibo mais. 
Não que eu conheça a estrada daqui pra frente, nem que eu espere que seja um caminho fácil. 
Mas, se algum dia teve, hoje não tem nada pra mim lá atrás. 
Sigamos."

[Lohanye Garcia] 

Do fim

"Se tudo começou no avesso
Se, do fim, nasceu um começo
Se quando eu estava, você fugia

Se quando eu fugia, você ficava
Caído, você me esticava a mão
Submersa, eu te procurava em desespero
Mas, de tanto procurar, perdi
De tanto gritar, não me fiz ouvir

Hoje, sigo calada, no avesso de mim
Esperando o recomeço de um fim
Porque algumas vidas são assim
O revés de um sim."
[Thaís Lima]

sexta-feira, 22 de julho de 2016

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Da attesa

Viver é mesmo muito perigoso, já dizia Guimarães Rosa. 
Assustador. Exige coragem. 
Penso que é preferível uma resposta ruim ao não saber. 


Mas é preferível não viver, ou não viver de verdade, a conviver com o peso do não saber? 
Penso que não. 


Suspiro, tentando frear meus devaneios. 
À minha frente, a xícara de café quase vazia: é hora de pedir outro. 


Ao lado dela, o telefone que não toca.