domingo, 30 de novembro de 2008

Das resoluções

"Eu tinha escolhido assim, num remoto dia qualquer em que deixei de acreditar, não lembraria quando, e isso era para sempre tanto quanto pode ser para sempre o que por estar vivo tem um coração que bate mas, imprevisto e fatal, um dia deixará de bater. Por não querer mais depositar esperanças em nada que pudesse vir de fora, já que de dentro nada mais viria, estava certo, além dessas imagens assustadoras da memória, curvei-me até o chão, uma das mãos na cabeça, como se segurasse o ponto de encontro entre duas asas, a outra procurando o assoalho, como se mergulhasse numa touceira espessa de juncos, até encontrar a grama molhada de beira de rio, tocando a pele fria daquela cobra."

[Caio Fernando Abreu]

Alguns comentários, etílicos (ou não)

Ponto.
Pediu pra parar, parou!

.

Ainda bem que o ano está acabando e estou com resoluções de ano novo muito bem estabelecidas, senão, adeus fígado... (depois coloco meus planos zerolésimos aqui).. Cirrose mesmo para uma iniciante tardia ao mundo etílico... Comecei à beber no quarto período de faculdade, aos 21 anos de idade. Depois de vários e vários e váaaaaaaaaaaarios butecos e festinhas sendo a sem graça e/ou diferente da mesa pedindo um refrigerante...

.

Sem golo verde pra mim por um bom tempo:
Cheguei em casa às 6:12 (tem um relógio digital desses da prefeitura na porta da minha casa). Foi só eu abrir a porta que escuto a voz da minha mãe: "Isso são horas, minha filha?!? Nossa... perdeu a noção mesmo..." Fui diretinho pro meu quarto, sem escalas. Só que o maldito do energético, não me deitou dormir nem um minutinho sequer. Fiquei rolando na cama igual uma mongolona, até ouvir uns barulhos na cozinha e levantar de vez. Resumindo: tô naquele estado de cansaço e dor muscular de uma noite inteiramente não-dormida + ressaca, associada ao estado alerta de uma anfetamina...

.

Se houvesse gravado minhas conversas com minha amiga Jaque ontem à noite, tenho certeza que eu teria um ótimo tema para me auto-divertir por um longo período...

.


Puta que Pariu!
Sou a melhor cupida do Brasil!
Em uma semana 3 casais... Que brilho!


.

sábado, 29 de novembro de 2008

Será melhor...

"É será melhor
Não procurar
Um novo amor
Até saber
Se o coração
Já se refez

É será melhor
Viver em paz
Eu amei estando só
Portanto a solidão
Não é demais

Se algum dia eu encontrar
Um novo amor
Hei de ter amor pra dar
Amor e paz

Por isso eu vou
Guardar meu peito
Até quando por direito
Este amor chegar"


[Paulinho da Viola]

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

final feliz (pra mim)

Hoje as coisas se resolveram, e percebi que não sou passavel pra trás como imaginava.
Viva! ÊÊÊ!
Nem tenho mais raiva de mim (por esse motivo). Pelo outro motivo, ainda tenho.
: )

E viva o banco do brasil!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Da minha mais pura verdade

"Encontro pela vida milhões de corpos; desses milhões posso desejar centenas; mas dessas centenas, amo apenas um. O outro pelo qual estou apaixonado me designa a especialidade do meu desejo.
Foram precisos muitos acasos, muitas coincidências surpreendentes (e talvez muitas procuras), para que eu encontre a imagem que, entre mil, convém ao meu desejo.

Eis um grande enigma do qual nunca terei a solução: por que desejo Esse? Por que o desejo por tanto tempo, languidamente? É ele inteiro que desejo (uma silhueta, uma forma, uma aparência)? Ou é apenas uma parte desse corpo? E nesse caso, o que, nesse corpo amado, tem tendência de fetiche em mim? Que porção, talvez incrivelmente pequena, que acidente? O corte de uma unha, um dente um pouquinho quebrado obliquamente, uma mecha, uma maneira de fumar afastando os dedos para falar? De todos esses relevos do corpo tenho vontade de dizer que são adoráveis. Adorável quer dizer: este é meu desejo, tanto que único: “É isso! É exatamente isso (que amo)!”

[Roland Barthes, Fragmentos de um discurso amoroso, pp.31-2]


.

E continuo me perguntando...
"Por que desejo Esse? Por que o desejo por tanto tempo, languidamente?..."
Que raiva de mim... Muita.
O que está atrás de nós e o que está à nossa frente são coisa pouca, comparado ao que está dentro de nós.

Ralph Waldo Emerson

triste

pq to me sentindo a pessoa mais passável pra trás que existe no mundo, assim como a mais idiota, e a que mais confia nos outros sem poder. e como ninguem gosta de sentir assim, to triste e com muita raiva de mim.
amém.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

"Às vezes me sinto muito só.
Sem ontem e sem amanhã.
Não adianta que haja pessoas em volta de mim.
Mesmo as mais queridas.
Só se está só ou acompanhado, dentro de si mesmo.
Estou muito só hoje.
Duas ou três lembranças que me fizeram companhia, desde segunda-feira, eu já gastei.
Não creio que, amanhã, aconteça alguma coisa de melhor..."

Antônio Maria,
em seu Diário.

Do coração íntimo

"Há muitas coisas em seu coração que você nunca deve contar a ninguém.
Seria baratear o seu íntimo sair espalhando-as por aí."

[Greta Garbo]

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Do Algo

"Um embrião cansado invade a escuridão da caverna procurando uma saída. Escuto o eco rebatido nas paredes da carne refletindo no olho o desespero da solidão. A preguiça é o sono dos mortos. Minha euforia necessita de calma, e minha calma, de euforia. Que se foda o resto do resto da sobra do que resta. O restante é o que eu quero. O amor do instante é o instante em que estamos perto da batida perfeita. Os olhos são o início do real. Meu cigarro tem um tempo de vida. Minha vida necessita de um cigarro. O que fazer? O que comer? Será que minha mãe tá certa? Definitivamente, não. Preciso de um coração que bata descompassado, sem ritmo e sem melodia. Não quero a batida perfeita. Quero o descompasso. Me dê uma pista, uma lágrima… Mas me dê algo."

[cão sem dono - filme]

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Relicário

"É uma índia com colar
A tarde linda que não quer se pôr
Dançam as ilhas sobre o mar
Sua cartilha tem o "A" de que cor?

O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou

E são dois cílios em pleno ar
Atrás do filho vem o pai e o avô
Como um gatilho sem disparar
Você invade mais um lugar onde eu não vou

O que você está fazendo?
Milhões de vasos sem nenhuma flor
O que você está fazendo?
Um relicário imenso desse amor

Sobe a lua, porque longe vai?
Corre o dia tão vertical
O horizonte anuncia com o seu vitral
Que eu trocaria a eternidade por essa noite

Porque está amanhecendo?
Peço o contrário, ver o sol se por
Porque está amanhecendo?
Se não vou beijar seus lábios quando você se for

Quem nesse mundo faz o que há durar
Pura semente, dura o futuro amor
Eu sou a chuva pra você secar
Pelo zunido das suas asas você me falou

O que você está dizendo?
Milhões de frases sem nenhuma cor
O que você está dizendo?
Um relicário imenso desse amor

O que você está dizendo?
O que você está fazendo?
Porque que está fazendo assim?
Está fazendo assim!"

[Relicário - Nando Reis/Cassia Eller]

domingo, 23 de novembro de 2008

Do hoje II

Você se aproxima de mim
Com esses modos estranhos e eu digo que sim
Mas teus olhos castanhos
Me metem mais medo que um dia de sol
E quando você me envolver
Nos seus braços serenos eu vou me render
Mas seus olhos morenos
Me metem mais medo que um raio de sol

[Tom Jobim]

sábado, 22 de novembro de 2008

Eu, Amelie

"Sabe a garota do copo de água?
- Sei.
- Se parece distante, talvez seja porque está pensando em alguém.
- Em alguém do quadro?
- Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos.
- Em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente que criar laços com os que estão presentes.
- Ao contrário, talvez tente arrumar a bagunça da vida dos outros.
- E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai pôr ordem?"

[O Fabuloso destino de Amelie Poulan]

Da lei

"Sempre sei, realmente. Só o que eu quis, todo o tempo, o que eu pelejei para achar, era uma só coisa - a inteira - cujo significado e vislumbrado dela eu vejo que sempre tive. A que era: que existe uma receita, a norma dum caminho certo, estreito, de cada uma pessoa viver - e essa pauta cada um tem - mas a gente mesmo, no comum, não sabe encontrar; como é que sozinho, por si, alguém ia poder encontrar e saber? Mas, esse norteado, tem. Tem que ter. Se não, a vida de todos ficava sendo sempre o confuso dessa doideira que é. E que: para cada dia, e cada hora, só uma ação possível da gente é que consegue ser a certa. Aquilo está no encoberto: mas, fora dessa conseqüência, tudo o que eu fizer, o que o senhor fizer, o que o beltrano fizer, o que todo-o-mundo fizer, ou deixar de fazer, fica sendo falso, e é o errado. Ah, porque aquela outra é a lei, escondida e vivível mas não achável, do verdadeiro viver: que para cada pessoa, sua continuação, já foi projetada, como o que se põe, em teatro, para cada representador - sua parte, que antes já foi inventada, num papel..."

[João Guimarães Rosa - Grande Sertao: Veredas]

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Canto de Ossanha

"O canto da mais difícil
E mais misteriosa das deusas
Do candomblé baiano
Aquela que sabe tudo
Sobre as ervas
Sobre a alquimia do amor"

Deaaá! Deeerê! Deaaá!

O homem que diz dou
Não dá
Porque quem dá mesmo
Não diz
O homem que diz vou
Não vai
Porque quando foi
Já não quis
O homem que diz sou
Não é
Porque quem é mesmo é
Não sou
O homem que diz tô
Não tá
Porque ninguém tá
Quando quer
Coitado do homem que cai
No canto de Ossanha
Traidor
Coitado do homem que vai
Atrás de mandinga de amor...

Vai, vai, vai, vai...
Não Vou
Vai, vai, vai, vai...
Não Vou
Vai, vai, vai, vai...
Não Vou
Vai, vai, vai, vai...
Não Vou...

Que eu não sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor
Que passou

Não
Eu só vou se for pra ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor...

Amigo sinhô
Saravá
Xangô me mandou lhe dizer
Se é canto de Ossanha
Não vá
Que muito vai se arrepender
Pergunte pro seu Orixá
O amor só é bom se doer
Pergunte pro seu Orixá
O amor só é bom se doer...

Vai, vai, vai, vai
Amar
Vai, vai, vai, vai
Sofrer
Vai, vai, vai, vai
Chorar
Vai, vai, vai, vai
Dizer...

Que eu não sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor
Que passou

Não!
Eu só vou se for pra ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor...

Vai, vai, vai, vai
Amar
Vai, vai, vai, vai
Sofrer
Vai, vai, vai, vai
Chorar
Vai, vai, vai, vai
Dizer...

[Vinícius de Moraes]

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Das pedrinhas


"De vez em quando a alegria
atira pedrinhas em minha janela.
Quer avisar-me que está lá esperando.
Mas hoje me sinto calmo
quase, diria, equânime.
Vou guardar a angústia em seu esconderijo
e deitar-me de cara ao teto,
que é uma posição galharda e cômoda
para filtrar notícias e acreditar nelas.

Quem sabe onde estarão minhas próximas pegadas,
ou quando minha história vai ser contada?
Quem sabe que conselhos ainda vou inventar,
e que atalho acharei para não segui-los?

Está certo, não brincarei de despejo,
não disfarçarei a recordação com esquecimentos.
Muito fica por dizer e calar,
e também ficam uvas para encher a boca.

Está bem, me dou por convencido.
Que a alegria não atire mais pedrinhas.
Abrirei a janela.
Abrirei a janela."


[Mário Benedetti]

domingo, 16 de novembro de 2008

Do ontem

" Neste dia perfeito em que tudo amadurece e não é somente a fruta que se amorena, um raio de sol caiu sobre a minha vida: olhei para trás, olhei para a frente, nunca tinha visto tantas e tão boas coisas de uma só vez. Não foi em vão que enterrei hoje o meu quadragésimo quarto ano: eu podia enterrá-lo – o que nele era vida está salvo, é imortal."

[Nietzshe - Ecce homo]

sábado, 15 de novembro de 2008

Do hoje

"De repente as coisas não precisam fazer sentido. Satisfaço-me em ser. Tu és? Tenho certeza que sim. O não sentido das coisas me faz ter um sorriso de complacência. De certo tudo deve estar sendo o que é.
Hoje está um dia de nada. Hoje é zero na hora. Existe por acaso um número que não é nada? que é menos que zero? que começa no que nunca começou porque sempre era? e era antes de sempre? Ligo-me a esta ausência vital e rejuvenesço-me todo, ao mesmo tempo contido e total. Redondo sem início e sem fim. eu sou o ponto antes do zero e do ponto final. Do zero ao infinito vou caminhando sem parar. Mas ao mesmo tempo tudo é fugaz. Eu sempre fui e imediatamente não era mais. O dia corre lá fora à toa e há abismos de silêncios dentro de mim. A sombra de minha alma é o corpo. O corpo é a sombra de minha alma. Sou feliz na hora errada. Infeliz quando todos dançam. Me disseram que os aleijados se rejubilam assim como me disseram que os cegos se alegram. É que os infelizes se compensam. Nunca a vida foi tão atual como hoje: por um triz é o futuro"

[Clarice Lispector]

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Da asa quebrada

Porque já faz algum tempo que as ilusões não me bastam.
Não me contento com pouco, quero mais.
Mereço bem mais.
Mereço a vida real.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Das cidades

"O amor é difícil, mas pode luzir em qualquer ponto da cidade.
E estamos na cidade"

[Ferreira Gullar]

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Poética

"De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O oeste é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
- Meu tempo é quando."

[Vinicius de Moraes]

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

: - )

Hoje entrou na minha vida Dona Helena, uma senhorinha de 94 anos com a seguinte mensagem: "a vida é muito boa, eu não quero morrer!"

e hoje é isso aí que eu queria dizer, ô vida boa...

[não, ainda não aniversariei mas acho que a nuvenzinha preta em cima de mim já passou]

domingo, 9 de novembro de 2008

Dos meus desenganos

"Se um dia meu coração for consultado
Para saber se andou errado
Será difícil negar

Meu coração tem mania de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos ficou, ficou
Só um amor pode apagar"

[Paulinho da Viola]

Do muitíssimo inesperado

"Algo está sempre por acontecer. O imprevisto improvisado e fatal me fascina"

[clarice lispector]
.

"Quem é homem de bem, não trai

O amor que lhe quer seu bem
Quem diz muito que vai, não vai
E assim como não vai, não vem
Quem de dentro de si não sai
Vai morrer sem amar ninguém
O dinheiro de quem não dá
É o trabalho de quem não tem
Capoeira que é bom, não cai
E se um dia ele cai, cai bem!

Capoeira me mandou
Dizer que já chegou
Chegou para lutar

Berimbau me confirmou
Vai ter briga de amor
Tristeza, camará


Se não tivesse o amor
Se não tivesse essa dor
E se não tivesse o sofrer
E se não tivesse o chorar
Melhor era tudo se acabar

Eu amei, amei demais
O que eu sofri por causa do amor
Ninguém sofreu
Eu chorei, perdi a paz
Mas o que eu sei
É que ninguém nunca teve mais
Mais do que eu"

[vinicius de moraes]

nada melhor pra dançar à dois que um bom samba... e vc coração, fica quieto.
imprevisto e super inesperado encontro, incrível sintonia nas danças e na pele, mas fica quieto.
vc só vai querer alguém agora se EU deixar.
e tenho dito.

sábado, 8 de novembro de 2008

It feels so good when stop...


Maybe we like the pain. Maybe we're wired that way. Because without it, I don't know; maybe we just wouldn't feel real. What's that saying? Why do I keep hitting myself with a hammer? Because it feels so good when I stop.
What are you suffering for?
Your pride or some kind of personal war?

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Fatos que me fazem crer em inferno astral

1. Acordei às 8:55 mesmo tendo colocado o despertador para tocar às 7:30.
(vc pode pensar: "tudo bem isso acontece comigo sempre"... mas continua lendo.

2. Resolvi pegar um taxi, mesmo a distância sendo curta, devido ao atraso de mais de uma hora. Na hora de pagar, descubro que não tenho dinheiro! Lembrei da minha bolsinha de moedas. Praticamente despejei um cofrinho sobre o taxista, de tanta moeda que ele recebeu. E com isso gastei o tempo que levaria fazendo o percurso a pé na contagem de moedas...

3. Ao chegar na empresa, 22.o andar, a clínica está simplesmente lotada de gente, o oposto de todas as sextas-feiras normais em que costuma ser bem fraquinho o movimento.

4. Logo após minha chegada, a puxa-saco da dona vira pra mim e pergunta se posso ficar até mais tarde, pra compensar o atraso. O que me significou um estado de semi-jejum de aproximadamente 12 horas, já que não deu tempo de tomar café da manhã e comi apenas uma barrinha de cereais que por sorte tava na minha bolsa.

5. Falando em bolsa, ao abrir a minha, pegar o jaleco e iniciar os exames, descubro que meus aparelhos (estetoscópio e esfigmomanômetro) ficaram em casa ao medir a PA da minha mãe. Olha que maravilha...

6. Comecei a usar os da Dra.-dona-da-clínica e estou lá no batente, quando escuto o barulho na sala ao lado, dela chegando pra atender, apesar de sexta não costumar trabalhar... E me pede os aparelhos dela!

Acho que vou parar de contar da minha vida, senão vou atrair mais coisa ruim... Daqui a pouco vou estar contando é da bomba que foi cair em cima de mim, ou coisas bem improváveis ou azaradas do gênero...
Mas confesso que tô começando a acreditar nessas coisas astrológicas...
E pela primeira vez, não vendo a hora de chegar logo o dia 15 de novembro...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Do amarelo

"De repente eu me vi e vi o mundo. E entendi: o mundo é sempre dos outros. Nunca meu. Sou o pária dos ricos. Os pobres de alma nada armazenam. A ver­tigem que se tem quando num súbito relâmpago-trovoada se vê o clarão do não entender. Eu não en­tendo! Por medo da loucura, renunciei à verdade. Minhas idéias são inventadas. Eu não me responsabi­lizo por elas. O mais engraçado é que nunca aprendi a viver. Eu não sei nada. Só sei ir vivendo. Como o meu cachorro. Eu tenho medo do ótimo e do superlativo. Quando começa a ficar muito bom eu ou descon­fio ou dou um passo para trás. Se eu desse um passo para a frente eu seria enfocada pelo amarelado de es­plendor que quase cega."

[Clarice Lispector - Um Sopro de Vida]

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Do dia

Ela é pequenina. Consegue ser ainda mais baixinha que eu. Mas é gorduchinha, daquelas fofas que dá vontade de abraçar. Batalhadora, ficou viúva muito nova, aos 20, com uma adolescente e um garoto de 2 anos pra criar mas nunca desanimou e criou os dois filhos com o suor do seu trabalho, em uma época em que raras mulheres trabalhavam. E as que o faziam eram taxadas de mulheres da vida. Possui ainda hoje uma das melhores memórias que conheci, especialmente no quesito números, com cerca de 100 números de telefones decorados. (Sério.)Extremamente prendada, pinta, borda, desenha e costura com exímia perfeição. Nasceu no mesmo ano que meu time do coração, o Cruzeiro, e apesar dos seus atuais 87 anos, é super moderna: tem celular, acessa a internet e lê emails. A casa dela é uma extensão da minha, onde tenho roupas, pijamas, armário e cama, além é claro de escova de dentes. É fã de Fanta, coxinha e pão de queijo, mas atualmente resolveu virar vegetariana, deixando de comer tudo que tenha animais. Foi ela quem me deu meu primeiro banho em uma bacia e jarra que enfeitam a casa dela até hoje. Tem um coração gigante, e nele cabem vários e várias queridas. O meu lugarzinho é especial, tenho certeza. Assim como o dela no meu coração.

Ela é a Dona Hylka, a minha Vota querida, que tá fazendo parabéns hoje e veio com um papo muito ruim de que vai ser o último... Vida longa e muita saúde à essa pessoinha que é das que mais amo no mundo!

Do lord ou dos buddy pokes

"Alô!
Sabe esses dias
Em que horas dizem nada
E você nem troca o pijama
Preferia estar na cama
Um dia, a monotonia
Tomou conta de mim
É o tédio
Cortando os meus programas
Esperando o meu fim...

Sentado no meu quarto
O tempo vôa
Lá fora a vida passa
E eu aqui à tôa
Eu já tentei de tudo
Mas não tenho remédio
Prá livrar-me desse tédio..."

[Tédio - biquini cavadão]

Ai ai...

domingo, 2 de novembro de 2008

Da aurora

"Se não há coragem, que não se entre. Que se espere o resto da escuridão diante do silêncio, só os pés molhados pela espuma de algo que se espraia de dentro de nós. Que se espere. Um insolúvel pelo outro. Um ao lado do outro, duas coisas que não vêem na escuridão. Que se espere. Não o fim do silêncio, mas o auxílio bendito de um terceiro elemento: a luz da aurora."

[Clarice Lispector - Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres]

Do paco pigalle ou do meu primeiro forró à três

"A música na sombra,
o ritmo no ar
Um animal que ronda
no véu do luar
Eu saio dos seus olhos
eu rolo pelo chão
Feito um amor que queima
magia negra
Sedução

Como uma deusa
você me mantém
E as coisas que você me diz
Me levam além

Aqui nesse lugar
Não há rainha ou rei
Há uma mulher e um homem
Trocando sonhos fora da lei

Como uma deusa
você me mantém
E as coisas que você me diz
Me levam além
Tão perto das lendas,
tão longe do fim
A fim de dividir
no fundo do prazer
o amor e o poder

A música na sombra
o ritmo no ar
um animal que ronda
no véu do luar

Tão perto das lendas,
tão longe do fim
A fim de dividir
no fundo do prazer
o amor e o poder

Como uma deusa
você me mantém
E as coisas que você me diz
Me levam além
Tão perto das lendas,
tão longe do fim
A fim de dividir
no fundo do prazer
o amor e o poder"

[Rosana - O amor e o poder]

Hahahaha... melhor dos últimos tempos!

E o lema é: quem não me quer, não me merece!
E que viva assim, bem longe de mim.
Yeah!

E quem quer, ou finge que, que queira direito.
Tenho dito.