"O outro. A invasão do outro. A gentil crueldade do outro.
A saudade do outro. O silêncio do outro.
A respiração do outro. com outra.
A voz do outro. com outra.
Cada qual em uma ponta da cidade. O trânsito, a chuva, o calor, o sono, o cansaço. O medo, não. O medo não diziam. Deixavam-se recados truncados pelas máquinas, ao reconhecer a voz um do outro atendiam súbitos em pleno bip ou deixavam o telefone tocar e tocar sem atender.
Sim, afligia muito querer e não ter. Ou não querer e ter. Ou não querer e não ter. Ou querer e ter. Ou qualquer outra enfim dessas combinações entre os quereres e os teres de cada um, afligia tanto."
[Caio Fernando de Abreu - modificado]
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
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4 comentários:
nossa...
espero que esse nossa seja bom, ou que ao menos eu tenha sido compreendida no meu recado implícito.
: )
ah, saudade dos nossos papos intermináveis...
agora só por meio de recados cifrados por aqui conseguimos ter idéia do que se passa na cabeça da outra...
foi compreendida sim =)
nao que eu nao fosse gostar de levar adiante o assunto...
espero que a diminuiçao na frequencia das nossas conversas nao resulte numa redução da nossa compreensao impressionante uma sobre a outra e os sentimentos em comum
também sinto falta dos nossos papos intermináveis!
queria agora responder tudo o que vc escreveu e conversar bastante. Infelizmente amanhã acordo antes do sol...
SAUDADES
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