"O que sobra é feito um cômodo dentro da gente, cheio de móveis e
objetos valiosos, porém trancado. E estamos sempre no
corredor, olhando para a porta fechada. Sentimos saudades do que está
ali dentro, mas não podemos nem temos como entrar. Como disse um grego que
viveu e amou há 2.500 anos: não somos mais aquelas pessoas nem é mais o
mesmo aquele rio.
Uma vez vi um filme, não me lembro qual, em que um sujeito
declarava: “Se duas pessoas que um dia se amaram não puderem ser amigas,
então o mundo é um lugar muito triste”.
O mundo é um lugar triste, mas
não porque ex-amantes não podem ser amigos: sim porque o passado não
pode ser recuperado. Eis a verdade banal que descobrimos, frustrados, ao
fim de cada encontro: toda memória é um luto pelo que vamos deixando
para trás."
[antonio prata - folha de s p - ex]
sábado, 30 de março de 2013
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