"Tentou se saciar como um louco, mas pela sede que ficou, percebeu que foi pouco.
Num turbilhão, pensou na línguas que se tocavam, nos pelos na nuca trêmula, na respiração.
Difícil renúncia.
O óbvio que se fez de rogado, hoje lateja na carne e na mente insana.
De solidão, emudeceu, sem explicações.
Tentando se livrar do martírio das ações, ou da ausência delas, mais uma vez emudeceu diante do momento desregrado. Naquele lugar, nada o pertencia, só um amor inerente.
Então, pediu que tirassem o seu retrato. Pediu que fizessem um registro das suas formas, do seu rosto inerte e dos raios de felicidade que ainda continham nele.
Queria esse registro.
Era preciso estancar a luz que ainda tinha em seus olhos, sem maquiagem nem verbos. Congelou o sorriso. E a carne do lábio insistia em tremer.
Cada vez mais convencido da imagem que via, o intelecto não resolveu a questão.
Como não sentir o chão se abrir como um pesadelo? Não negava a rejeição, mas também não sucumbia aos olhares alheios, viris, pelejantes.
E, assim, procurou os seus vários eus, ficou nu de vaidade, cheio de flashes. Perdidos como um dia de cão.
Suados, a cada movimento.
Sóbrios, como um velho sentimento.
E o amor? Vive a morrer… De amor."
[Turbilhão - Tita de Paula]
sábado, 9 de março de 2013
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