"Aquilo que ontem cantava
já não canta.Morreu de uma flor na boca:
não do espinho na garganta.
Ele amava a água sem sede,e,
em verdade,tendo asas, fitava o tempo,
livre de necessidade.
Não foi desejo ou imprudência:
não foi nada.
E o dia toca em silêncio
a desventura causada.
Se acaso isso é desventura:
ir-se a vida sobre uma rosa tão bela,
por uma tênue ferida."
Cecíia Meireles em Retrato Natural (1949)
Nenhum comentário:
Postar um comentário