terça-feira, 16 de agosto de 2016

Da Maria

Foi numa tarde em que Maria foi encontrá-lo na praça. 
O dia estava frio e lindo e não tinha por que não estar. 
Eles eram diferentes e todo mundo dizia que um completava o outro. Todo mundo não, porque quase ninguém sabia deles. 
Maria o amava, ele se deixava amar. E com eles era assim.

Ela tinha bom gosto pra música, livros e cinema. Falava três línguas. 
E precisava dele para se sentir viva.

Mas naquela tarde de novembro, Maria ficou imaginando como seria se não fosse daquele jeito. Enquanto ele quase a amava, ela descobriu que tinha um mundo pra entender e, pra saber das coisas, não mais podia ficar parada esperando ser quase amada. Quem ama sabe o que sente. 

O garoto parou de olhar pra rua e olhou pra ela, mas ela não estava mais lá. 
Maria pensou que morreria, mas não morreu. Aconteceu.

Acontece sempre, com todo mundo, o tempo todo. 
Foi triste como tinha que ser e depois passou, como tudo passa.

Maria lembrou disso milênios depois. Ela lembrou porque, se tivesse sido diferente, doeria igual.
Ele ficou lá atrás. Maria saiu voando, com a certeza de ter amado.

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